Levante a mão quem já foi no clínico geral e após relatar todas as queixas, foi examinado, submetido a testes no exame físico, para então só depois disso ser solicitado os exames complementares, que só devem ser pedidos se forem mesmo necessários? Espero que todo mundo, porque isso é a sequência do bom atendimento médico.
Assim como em todas as especialidades médicas, na oftalmologia não há exceção na obrigatoriedade de conversar e examinar o paciente. Vamos agora explicar o que seria uma consulta oftalmológica completa, a sequência que realizamos no nosso atendimento, e se quiser viver essa experiência conosco, estaremos sempre à disposição.

1º passo: anamnese

Para resolver o problema, o médico deve entender o que realmente te fez ir até lá, por isso a gente enche você, querido paciente, com muitas perguntas, querendo saber de casos de cegueira na sua família, questionando doenças além do olho que você possui, as medicações, tudo pra gente é importante.


2º passo: refração

É a hora que direcionamos você para uma cadeira, que parece um trono e lá colocamos um aparelho chamado Greens na frente dos olhos e começamos as perguntas mais difíceis da consulta: “melhor esse ou melhor aquele?” e você duvida se realmente colocamos alguma coisa de diferente pra ser testada. O resultado desse exame é o grau do óculos. Testamos pra longe e pra perto e fazemos os demais testes necessários (num deles é nessa hora que a gente detecta uma doença chamada daltonismo e com outro testamos se não estamos hiper ou subestimando o grau final do paciente.


3ª passo: biomicroscopia

Nesta hora, colocamos o rosto do paciente apoiado na nossa lâmpada de fenda, que funciona como um microscópio, que aumenta o tamanho das estruturas oculares, para que possam ser adequadamente examinadas. É aqui que sabemos se podemos dilatar o paciente, se ele tem catarata, se ele tem alguma inflamação dos cílios, é um exame muito rico.


4º passo: tonometria

Considerando que dois dos nossos médicos são apaixonados por uma doença chamada glaucoma, este é uma das etapas favoritas deles, se necessário feito e refeito. Nele fazemos uso de dois colírios: um anestésico e um corante (fluoresceína). O paciente continua sentado na lâmpada de fenda e encostamos um aparelho chamado tonômetro na córnea (não dói). Esse é o padrão-ouro da medida da pressão ocular, ou seja, essa é a medida mais fidedigna.


5º passo: fundoscopia

O exame mais lindo de todos. Nele, pingamos colírios para a dilatação da pupila (menina dos olhos) e com isso conseguimos ter acesso a visualização de todo o fundo do olhos, desde a “parte nobre” (mácula e nervo óptico) até os vasos sanguíneos e periferia.
Sabia que alguns pacientes não sabem que possuem algumas doenças e chegam com dificuldade de enxergar, nesse exame que a gente desconfia de doenças do corpo (hipertensão, diabetes, toxoplasmose, dentre outras) e literalmente salva uma vida? Além da própria visão, claro!
Pois neste exame estamos vendo os tecidos vivos em atividade.
É um exame um pouco desconfortável devido a luz que precisamos direcionar para o fundo de olho, além disso, paciente fica por horas com a visão ruim por conta do efeito do colírio. Então sempre levar um acompanhante na consulta e saber que aquele dia não terá como trabalhar ou estudar, nem celular dá para ver.


Concluindo

Se tudo dessa sequência der certo, nos vemos novamente no ano seguinte ou antes dependendo do caso. Caso tenhamos notado alguma alteração em qualquer uma das etapas, talvez tenhamos a necessidade de pedir exames mais específicos, mas não se assuste, melhor pecar pelo excesso e diagnosticar precocemente do que deixar qualquer doença passar despercebida e ter perda de visão. Não é verdade?